quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Alguém


     Numa noite como outra qualquer, alguém teve um sonho, nele sonhava poder sonhar com algo, tudo clarificado, parecia possível, mas não era certo, como tudo o que nos rodeia existe sempre as probabilidades julgadas algumas por um pêndulo, a incerteza do sonho confundia quem o teve.
    Na hora do despertar, lembrou-se do que havia sonhado e com todo o tempo do mundo, parou para pensar, deparou-se com a realidade que ele criou, a que lhe parece mais justificável, percebeu que a incerteza era lógica quando não é o que se procura, entendeu que a felicidade nunca foi algo que merecesse importância, tentou lembrar-se se alguma vez fez alguém feliz, não houve recordações.
     A procura dele é diferente, apenas precisa de satisfazer o seu ódio, a única emoção que nunca o deixou ficar mal, sempre o acompanhou, a raiva viu-o crescer, as pessoas que lhe tentam mudar isso apenas perdem tempo, e estorvam-no, baralham-no, criam-lhe ilusões, e distorcem-lhe a realidade, fazem-no sonhar e acreditar que o mundo gira em torno dos mesmo.
     Tem em sua consciência que não precisa de ninguém, quem o ajudou ele sabe que foi por dever apesar de existir amor, o resto apenas nunca achou que devesse comentar. Ambição fazem parte das suas características e uma das suas energias, há necessidade nele de provar algo, não ao mundo mas a si mesmo, não gosta de se sentir ignorante, apesar de gostar da solidão, tem vida social e ver-se excluído não faz parte dos seus ideais.
     Nunca se sentiu infeliz, incompleto é a palavra que ele usa para justificar as magoas, só acredita que gostam dele quando é alguém do seu sangue a dizer-lhe e é selectivo quando o diz, de resto é incapaz de aceitar, é egoísta mas acredita não ser o único, foram demasiadas as vezes que o enganaram e gozaram, o seu orgulho acabou com isso tudo, desceu ao nível e gozou com outros, o não saber perdoar levou-o a cometer erros, é imune a caridades e a afectos, limita sempre as emoções que tem por outrem, guarda as certezas, semeia as duvidas, confunde e é confundido.
     Certo dia foi julgado como alguém que se cansa das pessoas, sabia que não era verdade, nunca ninguém mereceu a atenção dele ao seu ver, quando deu oportunidades ficou plantado, desistiu, dedicou-se a ele mesmo, um dia talvez quando o futuro lhe sorrir ele volte a ponderar, até lá, não vale a pena.   

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